Tudo que você precisa saber sobre cálculo na vesícula
Leia aqui tudo que é necessário saber sobre cálculo na Vesícula Biliar, a chamada COLELITÍASE
No texto de hoje vou falar um pouco sobre um problema de saúde muito comum, conhecido como cálculo ou pedra na vesícula. O termo médico para essa doença é COLELITÍASE. Ela afeta em torno de 20% da população. Vou falar sobre:
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- O que são os cálculos
- Quais fatores de risco
- Como saber se você já tem a doença
- Quais os tratamentos
- Quais complicações pode trazer para a sua saúde
- Como evitar cálculos na vesícula
Clique abaixo para ver a informação sobre cada um dos tópicos!
O que são os cálculos na vesícula
A vesícula biliar armazena a bile, que é produzida pelo fígado e ajuda na digestão de gorduras que ingerimos. Ela é formada por diversas substâncias, dentre elas o colesterol. Quando há desequilíbrio nas quantidades dos elementos que compõe a bile (uma superprodução de colesterol no fígado), ou quando a vesícula fica muito tempo com a bile armazenada (por dificuldades na motilidade da vesícula biliar, que é o que chamam vesícula preguiçosa), pode haver o surgimento desse cálculos. A grande maioria dos cálculos é formada principalmente de colesterol (90-95%).
Quais fatores de risco?
- Obesidade/ IMC (índice de massa corpórea) elevado – é um fator de risco tanto para ter os cálculos quanto para que esses cálculos causem dor (muita gente tem os cálculos mas não sente nada).
- Sexo feminino
- Uso de análogos da somatostatina (medicamentos usados para tratamento de tumores neuroendócrinos)
- Pacientes em internamento hospitalar que fazem uso de Nutrição parenteral total (mas esses cálculos podem desaparecer após retorno da dieta oral)
- Dietas muito restritivas que levam a perda de peso muito rápida (perda maior que 1,5kg/semana), o que também leva a um maior risco de gordura no fígado
- Terapia de reposição hormonal
- Sedentarismo
- Colesterol e triglicerídeos elevados
- Consumo de fast foods
- Glicemia de jejum alterada (chamada pré-diabetes) e Diabetes tipo 2
- Algumas doenças como anemia falciforme, cirrose hepática, colangite esclerosante
Como sei se tenho cálculo na vesícula?
80% dos pacientes são assintomáticos (não sentem nada), e a maioria desses vão continuar assintomáticos por toda a vida.
As complicações que os cálculos podem causar são mais comuns em quem tem sintomas, e ocorrem numa frequência de 1 a 3% ao ano (enquanto em quem não tem sintoma ocorre em 0,1-0,3% ao ano).
A dor causada pelo cálculo é chamada cólica biliar. É uma dor moderada, que começa geralmente de forma abrupta mas também pode começar com intensidade leve e ir aumentando dentro do período de uma hora. Dura no mínimo 15 minutos à meia hora e no máximo 5-6 horas. Ela passa espontaneamente ou com uso de antiinflamatórios ou antiespasmódicos como buscopan.
A dor é na parte superior do abdome, do lado direito ou na região central da parte superior do abdome (veja na figura ao lado), pode irradiar pras costas ou pro ombro direito. Pode ser associada com náuseas e vômitos. Geralmente surge em torno de 1h após alimentação (principalmente após comidas gordurosas) mas também pode ocorrer independente da alimentação,acordando o paciente de madrugada. Geralmente não é diária.
A dor ocorre quando o cálculo ou a lama biliar (que é a bile mais espessa do que deveria), vai para o orifício de saída da vesícula biliar e “tapa” esse orifício, aumentando a pressão na vesícula biliar causando distensão.
Dores em pontada, que passam logo ou que duram o dia todo, que melhoram ou pioram com o movimento ou com a evacuação não são características de cólica biliar.
O exame realizado na suspeita de cálculo na vesícula é a ultrassonografia do abdome. Os exames de sangue não mostram alterações.
Como é o tratamento da pedra na vesícula
A cirurgia da pedra na vesícula se chama COLECISTECTOMIA, e pode ser por vídeo (a mais comum) ou aberta.
Em pacientes sem sintomas, os riscos da cirurgia podem ser maiores que os riscos de ter uma complicação, portanto cada caso é discutido individualmente.
Exceção é feita quando a ultrassonografia evidencia “vesícula em Porcelana”, que ocorre quando a parede da vesícula encontra-se calcificada, nesse caso há indicação de colecistectomia.
Se houver pólipos associados aos cálculos, também é indicada cirurgia independente dos sintomas.
Quais complicações e riscos os cálculos podem trazer para a saúde
- Colecistite: é a complicação mais comum, ocorre em 10% dos pacientes que têm cálculo sintomático. É uma nflamação na parede da vesícula biliar, que pode infeccionar. Suspeitamos de colecistite quando a crise de dor dura mais do que 6 horas, moderada a forte intensidade. Pode ter febre associada e tem alterações em exames de sangue. Na ultrassonografia o médico vê o espessamento da parede da vesícula.Pode ser preciso o uso de antibióticos e é indicada a cirurgia (em até 72h do início) se o paciente tiver condições. A cirurgia pode ser por videolaparoscopia, mas há chance de conversão (ter que fazer a cirurgia aberta, sem ser por vídeo) em 20% dos casos.
- Coledocolitíase: presente em 3-16% dos pacientes com colelitíase. É quando o cálculo consegue sair da vesícula e ir para outros pontos da via biliar, em direção ao local de saída da bile no intestino. Pode necessitar de procedimentos para retirar esse cálculo e posteriormente a cirurgia.
- Colangite: infecção da bile, além dos sintomas de colecistite o paciente pode ter icterícia. É mais grave que a colecistite.
- Pancreatite: ocorre em 4-8% dos pacientes com colelitíase. Quando o cálculo sai da vesícula e obstrui a saída do pâncreas.
Como evitar pedra na vesícula
- Estilo de vida saudável, com dieta balanceada e exercícios físicos pode prevenir cálculos na vesícula. Isso porque ajuda a controlar alguns fatores de risco, como obesidade, colesterol elevado e diabetes. Pacientes obesos têm risco maior não só de ter cálculos, mas também de ter sintomas por causa deles e precisar de cirurgia. O risco de colelitíase sintomática aumenta com o aumento de IMC, circunferência abdominal e triglicerídeos elevados.
- Comer em horários regulares (faz com que a vesícula fique sendo esvaziada regularmente e não deixe a bile parada por muito tempo)
- Comer frutas (principalmente as ricas em vitamina C), verduras e oleaginosas
- A atividade física protege quanto à formação de cálculos e diminui a chance desses cálculos causarem sintomas em 30%, porque evita hiperinsulinemia, reduz triglicerídeos. Além disso, o exercício tem efeito na motilidade intestinal e da vesícula biliar, diminuindo a chance da vesícula preguiçosa.
- Níveis elevados de HDL (colesterol bom) também são protetores (isso é conseguido também através da dieta, controle de peso)